sexta-feira, 22 de agosto de 2008

E ninguém cala esse chororô

Por Mariah Heusi


Calma botafoguenses, não estou falando de vocês, estou me referindo aos atletas que representam o Brasil em Pequim. Porque são muitos os brasileiros que ficam acordados até tarde e de saco cheio assistindo pela TV esse chororô. Só espero que essas lágrimas sirvam para sensibilizar o governo do nosso país para investir mais no esporte.

Porque o nosso queridinho futebol masculino brasileiro, que é o maior contentamento do governo, só trás vergonha. Não jogou como já se fez no passado e teve que nos consolar com uma medalha de bronze. Quando será que esse ouro tão sonhado virá? O Ronaldinho Gaúcho disse que está muito feliz com a medalha, afinal só lhe restava ter a medalha olímpica na sua coleção. Mas eu não estou nenhum pouco feliz com o desempenho dele representando o Brasil.

No jogo contra a Argentina aonde estava o Pelé? Por que ele não estava presente no estádio como Maradona? O craque argentino incentivou os garotos do seu país, a sua presença teve um grande peso naquela partida. O Brasil que se vangloria tanto do seu futebol deveria ter levado o rei, que só apareceu na quinta-feira, dia 21 de agosto, quando foi entitulado o novo embaixador da campanha Olimpidas Rio 2016. E por que não foi outro representante, um atleta de uma modalidade que tenha várias medalhas em Jogos Olímpicos, como o Judô, a Vela ou o Atletismo?
Os fanáticos por futebol me deêm licença, mas o Pelé não tem nada a ver com as Olimpíadas!
Já as meninas do futebol, essas sim mereciam o ouro, não era o dia delas, faltou sorte...
Agora vou relembrar os momentos do chororô olímpico brasileiro que está liderando o ranking. Vimos que os atletas choram quando ganham e quando perdem.
César Cielo chorou pela conquista da primeira medalha de ouro; Larissa chorou quando encontrou com Ana Paula, sua nova parceira, após Juliana contundida se despedir de Pequim; Marcelinho do Vôlei, vendo pela TV o nascimento do filho; Marren Maggi quando se tornou a primeira atleta brasileira a ganhar medalha de ouro em esportes individuais. Todos estes choros foram pelas vitórias olímpicas. Já os derrotados ou os atletas que não conseguiram o desempenho esperado foram: Jade Barbosa, Diego Hypólito, o time de Cristiane, a experiente jogadora de Basquete Claudinha, pela péssima atuação do time; Fabiana Murer pela vara desaparecida e o sonho da medalha abalado, Ana Paula com saudades do filho.

Quem será que não está levando o esporte olímpico a sério? Serão os dirigentes, os atletas ou o governo?
O país deveria investir nos nossos atletas, já que querem sediar os Jogos Olímpicos de 2016. E por que não seguimos o exemplo dos chineses, que um ano depois das Olimpíadas de Sydney, quando foram escolhidos para sediar os jogos de 2008 em Pequim, investiram nos seus atletas?
A China criou o projeto 119 nesta época, que tinha como objetivo o sucesso dos atletas em 2008. Os atletas que competem nos esportes individuais foram os que receberam uma atenção especial. Mesmo com pouco dinheiro, o governo e a administração geral de esportes do país investiram em escolas esportivas. Os olheiros eram os maiores frequentadores dos locais, buscavam as crianças para tivessem um treinamento melhor, com ajuda financeira, moradia gratuita em dormitórios escolares, alimentação e educação escolar. Acho que esta seria uma boa saída para que os nossos atletas alcançassem posições melhores no pódio em 2016.

O melhor desempenho de medalhas do Brasil em Olimpíadas foi Atlanta em 1996, quando conquistamos três medalhas de ouro, três de prata e nove de bronze, dando um total de 15 medalhas. Atenas foi marcante pelas cinco medalhas de ouro conquistadas pelos nossos atletas. E Pequim até agora temos duas medalhas de ouro, três de prata e sete de bronze, totalizando 12 medalhas, porém ainda concorremos a duas medalhas que podem ser de ouro ou prata, no Vôlei feminino e masculino.

Na minha opinião, se o Brasil quer ter o Rio como sede de 2016, deverá investir no esporte, construir centros de treinamento olímpico em cada estado. Sei que isso custa dinheiro, e dinheiro é o maior interesse do governo para sediar os Jogos Olímpicos. O governo diz que investe no esporte, é verdade, do mesmo jeito que investe na saúde e na educação do país.

A educação, que é uma grande aliada do esporte, é uma peça fundamental que jamais deve ser deixada de lado por um atleta. Uma profissão que deve ser muito bem respeitada é o professor de Educação Física, que infelizmente ganha pouco pelo trabalho feito. O esporte é muito importante para crianças, jovens e adultos, através dele é obtido o bem-estar, a saúde, a educação e um futuro profissional.

Vamos dar um basta neste chororô dos nossos atletas nas Olimpíadas investindo no treinamento, tanto físico, como psicológico. O governo tem que ajudar o esporte do país a evoluir cada dia mais.

2 comentários:

antes que a natureza morra disse...

Um país que cai de bunda e chora !...

Sou tomado de profunda melancolia ao contemplar o desempenho do Brasil nas Olimpíadas...e constatar nossa colocação no quadro de medalhas...comparar nosso país com os países que estão à nossa frente.
Fico triste ao ver que na nossa seleção olímpica de futebol existem jogadores que ganham milhões e milhões de dólares, enquanto representantes do nosso judô choram e são humilhados por não ter dinheiro para pagar o exame de faixa preta.
Fico irado ao ver o Galvão Bueno, nas transmissões da Globo, enaltecer delirantemente "o gênio mágico" do "fenômeno" Phelps, nadador norte-americano...e não falar no mesmo tom do nosso nadador Cielo, este sim, um fenômeno. Fenômeno porque treinou seis horas por dia nos três últimos anos, numa cidade do interior dos EUA, sustentado pelos próprios pais e pela generosidade de alguns amigos, pois não recebe um auxílio oficial.
Fico depressivo ao contemplar na TV nossas minguadas medalhas de bronze.
E fico pensando que, de cada mega-sena e outras loterias oficiais, o governo paga apenas 30 % do arrecado ao ganhador e propaga que os outros 70 % são destinados a isso ou aquilo, sem que a gente possa fiscalizar com nitidez essa aplicação.
Estou por completar 66 anos. E desde pequenino tem sido assim. Lembro do Ademar Ferreira da Silva, nosso bicampeão olímpico do salto tríplice que foi competir tuberculoso !
E jamais me sairá da mente o olhar de estupor de Diego Hipólito caindo de bunda no chão no final da sua apresentação, quando por infelicidade e questão de dois segundos deixou de subir ao pódio. E de suas lágrimas pedindo desculpas, quando ele não tem culpa de nada. Das lágrimas de outros atletas brasileiras dizendo que não deu. Pedindo desculpas aos familiares e ao povo.
Meus Deus !
Será que vou morrer vendo um povo que só chora e pede desculpas ?
Será que vou morrer num país que se estatela de bunda no chão, enquanto os políticos roubam descadaradamente e as CPIs não dão em nada ?
Será que vou morrer num país que se contenta com o assistencialismo e o paternalismo oficiais, um povo que vende seu voto por bolsa-família e por receber um botijão de gás de esmola por mês ?
Até quando, meu Deus !?
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Parabéns pelo teu blog ! Adorei ! textos de nível e de quem conhece o assunto !

Jamwa Pizarro

www.professorpizaro.blogspot.com

Anônimo disse...

Muito bom seu texto prima, você esta de PARABÉNS.

Só que já foi atleta sabe o quanto o esporte é deixado de lado pelo governo, são rarissimas as vezes em que se tem um apoio.

Hoje por mais que tenhamos atletas capazes de disputar medalhas, existe uma grande diferença entre o alteta bom e o atleta de ponta. O atleta de ponta tem um lado pscicologico trabalhado, que faz o atleta saber "aguentar" momentos de extrema pressão pscicologica. Esse sim é um atleta de ponta Bolt, Isinbayeva e Phelps entre outros...

Sobre a Fabaiana Murer, se ao invés de ser a Fabaiana vamos colocar a Isinbayeva. Se a vara dela tivesse que sumido ela faria um escandálo como fez a Fabaiana Murer? A diferença entre as varas são de centímitros..o que não impediria dela saltar com uma menor ou maior...

Além termos pouquissimos atletas de ponta, falta de investivmentos por parte do governo, podemos dar graças a Deus que temos um Presidente da República Pai de Santo (quem não viu no JN ele benzendo os atletas brasileiros) um vergonha...

Não quero entrar no futebol se não vou me prolongar muito....mas vc disse tudo prima.....O queridinho do Brasil...nosso futebol....voltou pra casa com um uma barra de chocolate argentina.

E para despedir faço das palavras de Maradona esse Chororo Brasileiro tanto no futebol quanto em várias outras modalidades: "Nunca ví o Brasil tão pequeno"

 
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